Domingo, dia 13 de Fevereiro de 1521
Saímos para o mar e nessa tarde estava calmo. O sol raiava sobre as nossas cabeças e eu sabia exatamente o que me esperava para esta viagem. As histórias sobre criatura inimagináveis (como sereias, polvos gigantes, cavalos com duas cabeças) começaram a fervilhar entre a tripulação, bem como o medo de que estas criaturas fossem mesmo reais. Eu não conhecia ninguém, sentia-me sozinho mas tinha dentro de mim uma coragem de leão.
Nesse final de tarde, o nosso sábio capitão reuniu-nos para termos uma conversa séria. Falou-nos acerca dos perigos daquela imensidão de água e contou-nos uma história maravilhosa que a tripulação que fez a viagem antes de nós lhe contara.
Pensei que a noite fosse calma, mas o mar agitou-se um pouco. Apesar disso, o nosso capitão não deu grande importância e deixou-nos descansar.
Terça-feira, 22 de Fevereiro de 1522
Foi a meio da nossa viagem que senti a verdadeira fúria do mar. Já não comíamos há três dias e a água potável escasseava, por isso, a nossa tripulação precisava de encontrar terra em breve, se não poderíamos morrer todos ali. Foi no início dessa tarde que tudo mudou para pior.
A tripulação estava exausta e o barco começava a ficar corroído pelo embate violento das ondas. Apenas me lembro de quando as ondas gigantes batiam com tanta força no barco, de tal forma que chegámos mesmo a pensar que seríamos cuspidos borda fora.
Mas, felizmente, o mar estabilizou e pudemos descansar.
Sexta-feira, 6 de Fevereiro de 1522
A nossa chegada a Dio não foi bem como esperávamos. O barco naufragou durante a noite em que estava prevista a chegada. Já em bastante mau estado, e após uma onda mais forte, o casco rompeu e o barco não aguentou. Quando acordei, vi que estávamos em terra, rodeados pelos indígenas.
Só eu, o nosso capitão e mais dois sobrevivemos. O comandante parecia entender-se muito bem com aquelas pessoas (se calhar foi dos milhares de histórias que já ouviu) e eles pareciam gostar dele. Fomos muito bem recebidos mas, para ser sincero, mal os entendia.
Apenas o nosso capitão e o chefe da tribo indígena que lá habitava se entendiam e serviam para explicar o que ambas as partes queriam dizer. Estes habitantes deram-nos alojamento e alimentação, apesar de eu achar o que eles comiam um pouco esquisito.
Em conclusão, posso dizer que esta foi a melhor viagem que eu poderia ter feito algum dia, embora houvesse imensos contratempos.
(Texto submetido a correções pontuais)
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