Finalidade e Organização Interna
1. Definição
Foi na Itália que apareceram as primeiras «arcádias». Este nome evoca uma região do Peloponeso, outrora povoada de carvalhos, onde numerosos pastores costumavam apascentar seus rebanhos.
A Arcádia, no sentido em que nela falamos aqui, é uma assembleia de escritores portugueses do século XVIII, que tomam o nome de velhos pastores da Grécia, significando com isso que desejam regressar ao viver chão da Natureza e que estão dispostos a levar a arte literária a uma correspondente simplicidade de expressão.
2. Organização e vida interna
a) Fundação.
A Arcádia foi fundada em Março de 1756 por três bacharéis recém-formados: António Dinis da Cruz e Silva, Teotónio Gomes de Carvalho e Manuel Nicolau Esteves Negrão. Cedo lhe deram a sua adesão Correia Garção, Cândido Lusitano, Manuel de Figuei¬redo e Reis Quita.
Todos estes nomes pertencem à burguesia. A Corte e a Nobreza ficaram completamente à margem do movimento.
b) Admissão. Emblema. Divisa.
Seria admitido na Arcádia todo aquele que pudesse ilustrá-la com seus trabalhos literários, sem se atender à nobreza de sangue ou a outras excelências.
Tal qual acontecia em algumas ordens religiosas, os árcades adoptavam um nome literário, geralmente nome pastoril, significando com isso que, dentro da academia, não eram tidas em conta as categorias sociais de cada um.
A Arcádia foi colocada sob o patrocínio da Imaculada Conceição de Maria, cuja verdade, ao tempo ainda não definida como dogma, todos os sócios juravam defender. Um lírio branco era o emblema adoptado.
Como divisa usava a frase latina inutilia truncai — corta o inútil. Estas palavras iam direitas como balas aos excessivos e escusados adornos da estética barroca, que a nova escola pretendia podar.
3. A Arcádia e a reacção contra a estética barroca
A Arcádia tomou como finalidade principal a reacção contra a escola seiscentista, complicada e engenhosa, que, no século das luzes e da clareza, não podia agradar de forma alguma.
Dificilmente encontramos um árcade que não tenha criticado a literatura barroca, bem como a sua tendência de propositadamente voltar as costas à realidade, embrulhando-a, ou então sofismando-a com os conceitos engenhosos.
Mas, se, como assembleia de escritores, encontrou nas academias do século anterior o modelo a seguir, como reacção contra a literatura barroca veio tarde e não se pode dizer de todo original. Foi, sob este aspecto, um movimento anacrónico. Com efeito já muito antes da Arcádia, tinham criticado o barroquismo as velhas academias, fazendo paródias do cultismo metendo-o a ridículo, bem como vários autores.»
In http://auladeliteraturaportuguesa.blogspot.pt/2008/07/arcdia-e-esttica-neoclssica.html (29/5/2012)
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