quarta-feira, 23 de maio de 2012

Diário de bordo (Eva Joana)

Diário de Bordo
Dia 1 / 1521
 A noite foi calma, os marinheiros puderam dormir descansados, depois de noites sem dormir por causa das tempestades, menos um problema
Os alimentos estão a acabar, só nos resta peixe, algumas carnes salgadas e arroz, teremos que procurar terra o mais rápido possível ou estamos perdidos.
Que aventura esta que estamos a passar: posso dizer que já vi criaturas lindas, golfinhos, baleias, seres fantásticos que habitam este oceano imenso.
A manhã foi impecável, os marinheiros trabalham bem, que sorte a minha por os ter encontrado, mas alguns medos se apoderam de mim. Às vezes sinto que não serei bom capitão como meu irmão, mas sei que sou capaz.
É de noite e houve tempestade. Vi horrendos e monstruosos seres, não sei se seriam as ondas, mas estavam bem presentes, e bem reais.
Um dos  monstros gritava e creio que estava acompanhado, eram horrendos, eram gigantes. Por momentos temi pela minha vida. Aqueles olhos fixaram-se nos meus, senti que as suas mãos imundas me tocavam.
Eles deitaram-nos abaixo só com uma mão, o nosso barco afundou e, quando estava no fundo, vi algo mágico, algo que me maravilhou, algo que desejava possuir: sereias, eram perfeitas, lindas, como se fossem deusas.
Senti uma a chegar ao pé de mim, senti que falava comigo, mas eu era incapaz de lhe responder, devido ao espanto. Ela disse-me “Vem comigo, vamos ser só um”. Senti por momentos as mãos dela a tocarem no meu rosto, pareciam seda, os olhos azuis como nuvens a olhar-me, senti que era ao meu destino.
Mas o destino tinha-me  separado dela.
Ouvia gritos, eram os meus homens, os meus homens de armas. Senti que era minha obrigação ajudar. Aquela sereia tinha um olhar sedutor que me tinha hipnotizado, mas de repente aquele olhar quebrou-se, como se fosse um feitiço.
Voltei à realidade e tentei ajudar os meus homens, mas depressa perdi os sentidos, foi como se morresse.
Acordei numa praia. Foi o pior e o melhor naufrágio que já tive, talvez fosse capaz de reviver tudo outra vez (parece loucura, eu sei).
Perdi metade da tripulação, o meu barco perdeu-se no fundo do mar, e não tínhamos mantimentos, que seria agora de nós?
Só Deus nos podia salvar.
Deus ajudou-nos e a Ele dou graças, encontrámos uma cidade onde ficámos uns dias, gente simpática que nos ajudou, emprestaram-nos um barco e deram-nos mantimentos e voltámos ao mar.
Mas, após uns dias, a obsessão voltou: estava apaixonado, apaixonado por uma criatura que não pertencia ao meu mundo, estava louco, estava perdido.
(Texto submetido a correções)

Sem comentários:

Enviar um comentário