quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Quem foi... Almeida Garrett?, pela Sónia


 
Este trabalho foi elaborado a pedido da professora de Literatura Portuguesa e com ele pretendo conhecer um pouco mais Garrett, assunto falado já nas aulas anteriores.
Garrett não foi apenas escritor, mas também cronista, historiador, etnógrafo e crítico consciente e, como prova, temos os seus livros.
O que sei deste homem vitorioso é escasso, mas, por isso, vou abordá-lo, para mais tarde relembrá-lo com um pouco mais de sabedoria.

Biografia
João Baptista da Silva Leitão, a que só depois acresceram os apelidos Almeida Garrett, nasce a 4 de Fevereiro de 1799 no Porto.
A 10 de Fevereiro é baptizado na igreja de Stº Ildefonso. Segundo filho, entre cinco irmãos, de António Bernardo da Silva e de Ana Augusta de Almeida Leitão, família burguesa ligada à actividade comercial e proprietária de terras na região portuense e nas ilhas açorianas.
Passou a sua infância na Quinta do Castelo, para onde a família se transferiu, e na do Sardão, ambas ao sul do Douro, no concelho de Gaia. Ao embaixador de velhas histórias e lendas populares das criadas Brígida e Rosa de Lima junta-se o preceptorado do tio paterno, bispo de Malaca, Frei Alexandre da Sagrada Família, e do materno tio João Carlos Leitão, formado em cânones e depois juiz de fora no Faial.
Em 1809 parte com a família para os Açores, antes que as tropas de Soult entrassem no Porto. Passa a adolescência na ilha Terceira, destinado à carreira eclesiástica, entre a escola régia do padre João António e as aulas do erudito Joaquim Alves a que a aprendizagem no seio familiar dava sequência. Chegou a tomar ordens menores com que, por intercedência do tio Alexandre, então bispo de Angra, deveria ingressar na ordem de Cristo. No entanto, desde cedo recusou prosseguir.
Em 1821 vai para Coimbra e matricula-se no curso de Direito. Ao contacto com os escritores das Luzes acresceu a leitura dos primeiros românticos, enquanto transformava em ardor revolucionário a rápida adesão às ideias liberais. A vivência académica seria determinante na sua iniciação política e filosófica. Ainda estudante, participa no movimento conspirativo que conduziria à revolução de 1820. Paralelamente começava, irreverente, a vocação literária: no ano seguinte surgia o seu primeiro livro, “O Retrato de Vénus”, um corajoso poema que lhe mereceu um processo em tribunal.
Em 1823, após a subida ao poder dos absolutistas, é obrigado a exilar-se em Inglaterra onde inicia o estudo do romantismo, movimento artístico-literário então já dominante na Europa.
Regressa em 1826 e passa a participar na vida política aplicando-se em trabalhos políticos que fixaram as bases de doutrinação liberal por que irá pautar toda a sua posterior carreira de «homem público». 
No período conturbado que se seguiu, o trajecto pessoal do escritor (já casado com uma menina elegante, Luísa Midosi) entrelaça-se com a história política do Liberalismo. A revolução foi um breve momento de entusiasmo liberal, logo desfeito pela chegada ao poder da facção conservadora, que apoiava o Infante D. Miguel.
 
No entanto em 1828 é obrigado a exilar-se novamente depois da contra-revolução de D. Miguel. No entanto, o escritor encontra na circunstância penosa do exílio uma oportunidade intelectualmente vantajosa. A permanência em França e Inglaterra permitiu-lhe conhecer o movimento cultural europeu, na sua dimensão artística e ideológica. A publicação (ainda em Paris) dos poemas Camões e Dona Branca – os primeiros textos românticos portugueses – constitui o resultado mais simbólico e expressivo dessa experiência. Seguiu-se a guerra civil, período em que ao novo rumo do gosto literário junta a pedagogia liberal de uma legalidade constitucional e de uma prática das liberdades, colaborando directamente nos primeiros monumentos legislativos do liberalismo e iniciando-se na carreira diplomática.
Em 1832, na Ilha Terceira, incorpora-se no exército liberal de D. Pedro IV e participa no cerco do Porto. Exerceu funções diplomáticas em Londres, em Paris e em Bruxelas. Após a Revolução de Setembro (1836) foi Inspector-geral dos Teatros e fundou o Conservatório de Arte Dramática e o Teatro Nacional.
Durante os anos 40, sob o regime autoritário de Costa Cabral, Garrett destaca-se na oposição; no entanto, o  entusiasmo e o fervor militante vão-se exaurindo, perante a instabilidade política, o materialismo triunfante e o própria alteração do ideal liberal. Descontente com o suceder da revolução, afasta-se da vida pública em 1847. Desse desencanto patriótico dá testemunho a algumas obras publicadas neste período, o mais fértil da criação literária garrettiana (O Alfageme de Santarém, Frei Luís de Sousa, Viagens na Minha Terra e O Arco de Sant’Ana, por exemplo).
Em 1851 regressa ao Parlamento, já sob a acalmia política da Regeneração. Recebe nesta derradeira fase da vida alguns gestos oficiais de consagração: é feito visconde, em 1851 e nomeado Par do Reino, no ano seguinte; chega ainda a ocupar um cargo ministerial (Negócios Estrangeiros), de que seria demitido pouco tempo depois.
Irá falecer a 9 de Dezembro de 1854, vítima de cancro, em Lisboa, na sua casa situada na actual Rua Saraiva de Carvalho, em Campo de Ourique, depois de uma vida sentimental romanticamente atribulada: um casamento juvenil mal sucedido, com Luísa Midosi; a morte prematura da segunda companheira, Adelaide Pastor, que lhe deixa uma filha ilegítima; e por fim uma paixão infiel, com a Viscondessa da Luz, celebrada em versos escandalosos.
Amante de prazeres materiais, galante e apaixonado, foi sempre um notável actor do palco social romântico, sabendo regressar em seu favor a imagem de dandy cosmopolita que sempre cultivou. No topo de uma carreira brilhante e de uma vida intensamente gozada, Almeida Garrett podia justamente orgulhar-se de ser (palavras suas)  «… um verdadeiro homem do mundo, que tem vivido nas cortes com os príncipes, no campo com os homens de guerra, no gabinete com os diplomáticos e homens de Estado, no parlamento, nos tribunais, nas academias, com todas as notabilidades de muitos países – e nos salões enfim com as mulheres e com os frívolos do mundo, com as elegâncias e com as fatuidades do século.»
 
Obra
Tem o grande mérito de ser o introdutor do Romantismo em Portugal ao nível da criação textual - processo que iniciou com os poemas Camões (1825) e D. Branca (1826).
Ainda no domínio da poesia são de destacar o Romanceiro (recolha de poesias de tradição popular cujo 1.º volume sai em 1843), Flores sem Fruto (1845) e a obra-prima da poesia romântica portuguesa Folhas Caídas (1853) que nos dá um novo lirismo amoroso.
Na prosa, saliente-se O Arco de Sant'Ana (1.º vol. em 1845 e 2.º em 1851), romance histórico, e principalmente as suas célebres Viagens na Minha Terra (1846). Com este livro, a crítica considera iniciada a prosa moderna em Portugal.
E quanto ao teatro, deve mencionar-se Um Auto de Gil Vicente (1838), O Alfageme de Santarém (1841) e sobretudo o famoso drama Frei Luís de Sousa (1844).
Conclusão
Ao elaborar este trabalho verifiquei que Almeida Garrett foi o impulsionador do Romantismo em Portugal e um dos escritores mais completos de toda a história de Portugal.
Almeida Garrett foi o escritor que melhor soube entender o mundo do seu tempo e deu-o a compreender aos futuros.
Um dos interesses deste mesmo homem foi o Romantismo, e as razões por esse mesmo foi a simplicidade, os sentimentos e a espontaneidade.
A arte, para o romântico, não se pode limitar à imitação, mas ser a expressão directa da emoção, da intuição, da inspiração e da naturalidade vividas por ele na hora da criação, anulando, por assim dizer, o perfeccionismo tão elevado pelos clássicos. Não há retoques após a criação para não comprometer a autenticidade e a qualidade do trabalho.
Comprometido com o seu tempo e ansioso de intervir nos destinos do país, Almeida Garrett não foi apenas escritor, mas também cronista, historiador, etnógrafo e crítico consciente. E os seus livros testemunham como poucos a época e o país em que viveu.
Mostro assim, perante este trabalho, os meus conhecimentos por Garrett.»


(texto com algumas alterações)

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