"O
romantismo libertou a criação literária das coacções advindas das regras,
condenou a teoria neoclássica dos géneros literários, reagiu violentamente
contra a concepção dos escritores gregos e latinos como autores paradigmáticos,
fonte e medida de todos os valores artísticos.
Muitas formas
literárias características do neoclassicismo, tais como a tragédia, as odes pindáricas e
sáficas, a égloga, etc., entraram em total decadência no período romântico, ao
passo que se desenvolveram singularmente formas literárias novas como o drama, o
romance histórico, o romance psicológico e de costumes, a poesia intimista e a
poesia filosófica, o poema em prosa, etc.
A língua e o estilo
transformaram-se profundamente, enriquecendo-se em particular no domínio do
adjectivo e da metáfora. A linguagem literária abandonou os artifícios
expressivos de origem mitológica, verdadeiros tópicos da tradição literária dos
séculos anteriores, já surrados e desprovidos de qualquer capacidade poética, ao
mesmo tempo que se aproximava da realidade e da vida: «Sem renunciar à sintaxe e
à disciplina poética, o romântico reagiu, em geral, contra a tirania da
gramática e combateu o estilo nobre e pomposo, que considerava incompatível com
o natural e o real, e defendeu o uso de uma língua libertada, simples, sem
ênfase, coloquial, mais rica». Igual tendência para a liberdade se verificou no
domínio da versificação."
Aguiar e Silva, Vítor Manuel de, TEORIA DA
LITERATURA, 4ª edição, Coimbra, Livraria Almedina, 1982
Sem comentários:
Enviar um comentário