Escolhi esta fotografia porque esta janela deu azo a comentários que muito nos interessam. O primeiro surge na página 328 da História da literatura portuguesa Ántónio José Saraiva e Óscar Lopes) e estabelece um paralelo com Camões: «No seu conjunto, a estética da redondilha camoniana talvez se possa comparar à das fases finais do estilo gótico, como a flamejante ou a manuelina, pela desenvoltura formalista mais oficinal que individualizada dos seus moldes, pelo carácter prefixado e impessoal dos trocadilhos, das imagens (já reduzidas a símbolos usuais), pelo seu jogo consumado de ambiguidades que só a entoação viva traz.»
A segunda terá talvez mais a ver com Fernão Mendes Pinto e é da autoria do arquiteto Álvaro Siza Vieira: "Quando se observa a famosa janela manuelina do convento de Cristo, em Tomar, «com um pujante envolvimento escultórico, que, como outros monumentos, dá notícia do que foi o impacto da chegada à Índia e à China», percebemos «que a arquitetura em Portugal absorveu o que se passava noutros países da Europa, mais adiantados neste capítulo, com elementos do Renascimento, mas também elementos inspirados, quando não copiados, da arquitetura da Índia, mas sobretudo da China e também do Japão». O contrário também aconteceu. Para o confirmar basta ver os biombos japoneses com a representação da chegada dos portugueses nas caravelas ao Japão."
(Álvaro Siza Vieira a António Guerreiro, Expresso, 3/3/2012)
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