terça-feira, 6 de dezembro de 2011

As tentações de Santo Antão, de Hieronymus Bosch


Este quadro, patente no Museu Nacional de Arte Antiga, retrata - tal como os Livros de Linhagens - um mundo medieval ainda dividido entre fantástico e modernidade.
O texto de apresentação do site http://www.mnarteantiga-ipmuseus.pt/pt-PT/exposicao%20permanente/obras%20referencia/ContentDetail.aspx?id=214 constitui um bom exemplo de texto de apreciação crítica: «Através de uma escrita pictural de múltiplos signos, esta impressionante obra traduz o medo e a inquietação que tocam a alma e a natureza humanas. Num espaço de vastidão que evolui desde os lugares subterrâneos até às regiões aéreas, as tábuas do tríptico estabelecem a progressão do caminho de Santo Antão. No centro da composição o santo olha para fora do quadro, olha para além do espaço de desordem que materializou em pintura os seres fantásticos que o povoam com o mesmo ímpeto com que atormentam o espírito. Recolhido no escuro e apontado pelo seu bordão, Cristo é o indelével sinal de uma luz redentora.
Poderosa súmula de pensamento que anuncia mudança, esta pintura organiza-se entre a obssessiva tradição medieval do registo minucioso e a modernidade com que se constrói um espaço global que explode em clarões e valores lumínicos que conferem unidade ao caos aparente. Aquém e além da linha do horizonte, as figuras surreais movem-se e esvoaçam num mundo de tormenta que tem o seu contraponto no Jardim das Delícias, outra obra máxima de Bosch que se encontra no Museu do Prado, em Madrid.»
(Recolhido em 6/12/2011)

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