terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Portfolio imaginário de uma obra inexistente, por um aluno inventado (I)


1.       Fundamentação da selecção realizada

Escolhi esta obra porque a professora de Literatura nos deu uma lista com as obras que devem ser escolhidas para o Projeto Individual de Leitura. Ora, eu tinha ouvido um amigo comentar que tinha ficado impressionado com um livro deste autor. Como não gosto de ler, fiquei curioso. Por sorte, havia vários exemplares na Biblioteca da escola.

2.       Relatório faseado de leitura

Comecei a ler a obra no dia 20 de Setembro. Numa primeira fase, conseguia ler uma média de dez páginas por dia, pois tinha pouco que estudar (não havia testes marcados e os professores ainda não pediam muitos trabalhos de casa). Quando era mais rigoroso e ia consultar o dicionário, perdia mais tempo. Por um lado, aprendi muitas palavras novas que impressionam os meus pais e me dão muito jeito nos testes. Pelo outro, gosto mais de “saltar” as palavras desconhecidas (no fim de contas, acabo sempre por perceber o sentido do texto…). Ao fim-de-semana, depois do treino, aproveito para ler um bocadinho – nos intervalos dos episódios de “The walking dead”. Acabei de ler o livro na semana passada e ainda não decidi o que vou escolher para continuar.

3. Justificação do título

De acordo com o autor, a escolha do título deve-se ao facto de já haver um livro de Agustina Bessa-Luís intitulado A abadia. Lembrança da abadia foi uma forma de contornar a questão. Por outro lado, este título tem a vantagem de realçar a questão do tempo, da memória e da lembrança.

4. Registo, documentado por excertos ou comentários pessoais, do estilo predominante

«(…) Saiba vossa majestade que, haver, havemos cada vez menos, e dever, devemos cada vez mais, Já o mês passado me disseste o mesmo, E também o outro mês, e o ano que lá vai, por este andar ainda acabamos por ver o fundo ao saco, majestade, Está longe daqui o fundo dos nossos sacos, um no Brasil, outro na Índia, quando se esgotarem vamos sabê-lo com tão grande atraso que poderemos então dizer, afinal estávamos pobres e não sabíamos, Se vossa majestade me perdoa o atrevimento, eu ousaria dizer que estamos pobres e sabemos, (…)» (2011: 388)

Para além do característico uso da pontuação, designadamente o uso de vírgulas em locais onde esperaríamos encontrar pontos (assinalando mudanças de assunto e pausas mais longas) ou travessões (indicando o início ou a conclusão de falas no discurso directo), são de notar alguns arcaísmos que situam o diálogo na época em que, supostamente, teria ocorrido (verbo “haver” na acepção de “ter” na expressão «(…) haver, havemos cada vez menos (…)»), bem como o recurso a expressões populares usadas de forma corrente (“o fundo ao saco”) e reutilizadas de forma alusiva à situação (“o fundo dos nossos sacos”), num jogo de palavras alusivo à situação económica do país nessa época.

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