quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Cenário de correção do teste de avaliação sumativa

I

1. Tanto o Pajem como Álvaro Pais sabiam de antemão do plano, daí que o Pajem estivesse "(...) aa porta como lhe disseram que fosse (...)" e que Álvaro Pais estivesse "(...) prestes e armado com ua coifa na cabeça (...)". Mais do que isso, na expressão "(...) segundo já era percebido.", há uma referência explícita a uma congeminação prévia.

2. Numa fase inicial, "as gentes" de Lisboa saem à rua e tomam conhecimento do que se passa. Os populares rapidamente se armam e seguem o Pajem e Álvaro Pais, com a finalidade de salvarem o Mestre. Alvoroçados pelo boato, juntam-se em cada vez maior número.

3.  Resumindo o conteúdo do episódio, a frase põe em evidência a forma como o povo aderira à figura de D. João, Mestre de Avis; a importância de que se revestiu o boato posto a correr; e, por último, o papel crucial de Álvaro Pais. A necessidade de proteger o Mestre reforça o elo com os populares.

4. De entre as muitas possibilidades de análise estilística do episódio, destaca-se o visualismo e o realismo na escrita de Fernão Lopes. Com efeito, as impressões visuais, auditivas e de movimento presentes nesta crónica reproduzem a ambiência de um levantamento popular.
As impressões visuais vão do particular para o geral, do individual para o coletivo, uma vez que começamos por apreciar a forma como o Pajem e Álvaro Pais se preparam - o primeiro "(...) estava  aa porta  (...)" e o segundo "(...) prestes e armado com ua coifa na cabeça (...)" - e movimentam - o primeiro "(...) começou d'ir rijamente a galope em cima do cavalo em que estava (...)", o segundo "(...) cavalgou logo a pressa em cima duu cavalo que anos havia que nom cavalgava (...)" -, bem como o ruído que fazem - o primeiro "(...) dizendo altas vozes, bradando pela rua (...)", o segundo, que, com os seus aliados bradava "a quaesquer que achavam".
Como se sabe, esta estratégia visava contagiar a multidão, como, efetivamente, acontece, como se depreende das impressões auditivas - "Soaram as vozes do arroído pela cidade ouvindo todos bradar que matavom o Mestre" - de movimento - "(...) se moverom todos com mão armada, correndo a pressa pera u deziam que esto se fazia (...)" e visuais, culminado  na expressão "(...) e era tanta que era estranha cousa de veer."
Assim, um movimento iniciado por apenas duas personagens redunda num levantamento coletivo, que mobiliza toda a cidade.

5. Ao longo da Crónica de D. João I, a figura histórica do primeiro representante da casa de Avis evolui. Num primeiro tempo é, certamente, Rodrigues Lapa quem tem razão, no sentido em que o filho de D. Pedro é um homem hesitante, manipulado por Álvaro Pais. O episódio da morte do conde Andeiro é particularmente significativo: vemo-lo a partir, a regressar, a demorar-se, a mentir, a ser  incapaz de matar João Fernandes. Porém, a partir do cerco de Lisboa vemos o estratega, que organiza a defesa da cidade; e o chefe, que supervisiona os trabalhos. Na Batalha de Aljubarrota, D. João mostra melhor ainda as suas qualidades de chefia, animando as suas hostes antes do recontro. Desta forma, é talvez Leonor Carvalhão Buescu quem tem razão, uma vez que a Crónica acaba por fixar a imagem de um monarca cuja prudência o leva à vitória.

II

Resposta livre

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