quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Enquadramento histórico da "Crónica de D. João I"

Pareceu-me interessante este texto que encontrei na Breve História de Portugal de A. H. de Oliveira Marques (pp. 116-117). O livro (de que transcrevi apenas um excerto) está disponível para requisição na Biblioteca.

«As primeiras querelas sociais haviam já começado quando D. Fernando casara com Leonor Teles (1372). Prosseguiram durante todo o reinado, acirradas pelo descontentamento que a política bélica provocava de norte a sul do País. (...) Na falta de herdeiro masculino, a sucessão de D. Fernando passou para a sua única filha legítima. D. Beatriz, que ele casara com D. João I, rei de Castela, depois da sua terceira derrota. As cláusulas do matrimónio confiavam a regência e o governo do reino à rainha-mãe Leonor Teles, até filho ou filha nascer a Beatriz. Quaisquer que fossem as circunstâncias, os dois reinos deveriam viver permanentemente separados.
Manobras políticas e ambições pessoais impediram qualquer solução pacífica. D. João I de Castela decidiu invadir Portugal e tomar conta do poder. A este passo violento moveu-o, porventura, a crescente oposição ao governo de Leonor Teles e do seu amante, o conde João Fernandes Andeiro, um nobre galego.
Andeiro e Leonor, provavelmente apoiados pela maioria da nobreza terratente, tinham contra si as fileiras médias e inferiores da burguesia, sob o comando do mestre de Avis, D. João, filho ilegítimo do rei D. Pedro. Ao que parece, o mestre de Avis convidara a princípio o monarca castelhano a entrar em Portugal, de preferência a aceitar uma situação perigosa para os seus partidários e para si próprio. Mais tarde, porém, a situação mudou. O ódio contra Castela e os castelhanos (estava ainda fresca na memória de todos a devastação passada que se lhes devia) obrigou o Mestre de Avis a encabeçar uma revolta contra os dois grupos: Leonor Teles-Andeiro e D. João I-Beatriz. Ele próprio ajudou a matar o Andeiro, obrigou a rainha D. Leonor Teles a  fugir e unir forças com D. João I de Castela e proclamou-se a si próprio "regedor e defensor do reino".»

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