quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

O nosso artista


«Considerem-se as duas figuras de leigos integradas no friso de eclesiásticos, no seu canto superior direito: tanto o homem do livro fechado como o rosto que a seu lado contraria a regra do espelho são certamente importantes na lógica dos painéis. Se o primeiro for Fernão Lopes que, nas duas primeiras partes da crónica interrompida de D. João I (o livro fechado que transporta debaixo do braço?), descreveu uma verdadeira revolução política medieval numa linguagem directa e enérgica sem paralelo na sua época, a sua inclusão pode reforçar o sentido familiar e político da charada global. Deve ter tido alguma familiaridade com D. João I, D. Duarte e D. Fernando, de quem foi sucessivamente secretário, e sentido na sua própria carne a sucessão de tragédias que se iniciou com a expedição de Tânger, uma vez que um dos seus filhos morreu no cativeiro norte-africano, ao lado do Infante Santo.
Os pontos de vista claramente políticos expressos na obra que deixou, não podem ter deixado de influenciar a sua vida, e o cargo de Cronista-mor e Guardião da Torre do Tombo (um antigo bastião do castelo de S. Jorge onde se guardavam os documentos) em que foi investido por D. Duarte no ano seguinte à morte de D. João I, manteve-se na sua posse durante toda a regência do infante D. Pedro. O seu afastamento do cargo, de que foi o primeiro titular, ocorre dois anos depois de Alfarrobeira, sendo substituído por Gomes Eanes de Zurara que termina, com a Crónica da Tomada de Ceuta (a terceira parte da crónica de D. João I), a narrativa do reinado de Boa Memória deixada incompleta pelo seu antecessor.
É muito possível que Fernão Lopes se tenha inspirado, para a sua vívida descrição da revolta popular de 1383 contra a regência de Leonor Teles, de que não se poderia certamente recordar, uma vez que não teria, por essa época, mais que três anos de idade, num outro levantamento contra a regência de uma segunda Leonor que, esse sim, deve ter testemunhado ao vivo nas ruas de Lisboa. A saber, a revolta contra a viúva de D. Duarte, em 1439, que colocou a regência nas mãos do infante D. Pedro. A ligação de Fernão Lopes aos governantes da casa de Avis que corporizaram as aspirações populares, parece evidente, não só nas palavras das suas crónicas, mas no próprio desenrolar da sua carreira.
A impressão que se destaca é pois a de que uma possível figuração nos painéis (sob traços fiéis ou apenas aproximados) do narrador da revolução de 1383 – vestido de castanho e transportando um livro fechado – funciona como um pólo político na proximidade do barrete vermelho (e gola castanha) do soldado da geração de Aljubarrota. Recordemos que a lógica dos painéis centrais aponta o par de soldados de couraça como representativos da geração anterior ao par que enverga as brigandinas e os tristes e amachucados barretes roxos emblemáticos da geração de Alfarrobeira, coroas adequadas às suas expressões amorfas e pouco inteligentes.»
(Lido em http://paineis.org/C09b.htm)

Os painéis de S. Vicente de Fora



«Nos seis painéis do Retábulo de São Vicente, atribuído a Nuno Gonçalves, pintor do rei D. Afonso V, revela-se um dos mais notáveis retratos colectivos da pintura europeia. Sendo este políptico fonte inesgotável de leituras e interpretações, um segmento considerável da recente historiografia concorda no facto da representação se centrar na Veneração a São Vicente no contexto das campanhas da Dinastia de Avis contra os mouros, em Marrocos.
A partir da simétrica representação de um santo diácono nas tábuas centrais – Painel do Infante e Painel do Arcebispo, a composição desenvolve-se para ambos os lados num esquema que vai contrapondo e alternando volumes, luz e cor sustentados por firme desenho. Na horizontal sucedem-se três planos que evoluem desde as figuras ajoelhadas até ao friso de múltiplas cabeças que remata a encenação, enquanto as linhas convergentes do mosaico do chão sublinham a construção perspética.
Reconhecem-se grupos sociais, nobres e cavaleiros, frades, clérigos e pescadores; distinguem-se trajes e tecidos; identifica-se a armaria e as jóias e examina-se a relíquia e os livros abertos. Nos rostos silenciosos e singulares de cada figura ou de cada grupo estampa-se a atmosfera de testemunho e devoção que envolve a serena dramatização que esta excepcional pintura invoca.»

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

As tentações de Santo Antão, de Hieronymus Bosch


Este quadro, patente no Museu Nacional de Arte Antiga, retrata - tal como os Livros de Linhagens - um mundo medieval ainda dividido entre fantástico e modernidade.
O texto de apresentação do site http://www.mnarteantiga-ipmuseus.pt/pt-PT/exposicao%20permanente/obras%20referencia/ContentDetail.aspx?id=214 constitui um bom exemplo de texto de apreciação crítica: «Através de uma escrita pictural de múltiplos signos, esta impressionante obra traduz o medo e a inquietação que tocam a alma e a natureza humanas. Num espaço de vastidão que evolui desde os lugares subterrâneos até às regiões aéreas, as tábuas do tríptico estabelecem a progressão do caminho de Santo Antão. No centro da composição o santo olha para fora do quadro, olha para além do espaço de desordem que materializou em pintura os seres fantásticos que o povoam com o mesmo ímpeto com que atormentam o espírito. Recolhido no escuro e apontado pelo seu bordão, Cristo é o indelével sinal de uma luz redentora.
Poderosa súmula de pensamento que anuncia mudança, esta pintura organiza-se entre a obssessiva tradição medieval do registo minucioso e a modernidade com que se constrói um espaço global que explode em clarões e valores lumínicos que conferem unidade ao caos aparente. Aquém e além da linha do horizonte, as figuras surreais movem-se e esvoaçam num mundo de tormenta que tem o seu contraponto no Jardim das Delícias, outra obra máxima de Bosch que se encontra no Museu do Prado, em Madrid.»
(Recolhido em 6/12/2011)

Portfolio imaginário de uma obra inexistente, por um aluno inventado (I)


1.       Fundamentação da selecção realizada

Escolhi esta obra porque a professora de Literatura nos deu uma lista com as obras que devem ser escolhidas para o Projeto Individual de Leitura. Ora, eu tinha ouvido um amigo comentar que tinha ficado impressionado com um livro deste autor. Como não gosto de ler, fiquei curioso. Por sorte, havia vários exemplares na Biblioteca da escola.

2.       Relatório faseado de leitura

Comecei a ler a obra no dia 20 de Setembro. Numa primeira fase, conseguia ler uma média de dez páginas por dia, pois tinha pouco que estudar (não havia testes marcados e os professores ainda não pediam muitos trabalhos de casa). Quando era mais rigoroso e ia consultar o dicionário, perdia mais tempo. Por um lado, aprendi muitas palavras novas que impressionam os meus pais e me dão muito jeito nos testes. Pelo outro, gosto mais de “saltar” as palavras desconhecidas (no fim de contas, acabo sempre por perceber o sentido do texto…). Ao fim-de-semana, depois do treino, aproveito para ler um bocadinho – nos intervalos dos episódios de “The walking dead”. Acabei de ler o livro na semana passada e ainda não decidi o que vou escolher para continuar.

3. Justificação do título

De acordo com o autor, a escolha do título deve-se ao facto de já haver um livro de Agustina Bessa-Luís intitulado A abadia. Lembrança da abadia foi uma forma de contornar a questão. Por outro lado, este título tem a vantagem de realçar a questão do tempo, da memória e da lembrança.

4. Registo, documentado por excertos ou comentários pessoais, do estilo predominante

«(…) Saiba vossa majestade que, haver, havemos cada vez menos, e dever, devemos cada vez mais, Já o mês passado me disseste o mesmo, E também o outro mês, e o ano que lá vai, por este andar ainda acabamos por ver o fundo ao saco, majestade, Está longe daqui o fundo dos nossos sacos, um no Brasil, outro na Índia, quando se esgotarem vamos sabê-lo com tão grande atraso que poderemos então dizer, afinal estávamos pobres e não sabíamos, Se vossa majestade me perdoa o atrevimento, eu ousaria dizer que estamos pobres e sabemos, (…)» (2011: 388)

Para além do característico uso da pontuação, designadamente o uso de vírgulas em locais onde esperaríamos encontrar pontos (assinalando mudanças de assunto e pausas mais longas) ou travessões (indicando o início ou a conclusão de falas no discurso directo), são de notar alguns arcaísmos que situam o diálogo na época em que, supostamente, teria ocorrido (verbo “haver” na acepção de “ter” na expressão «(…) haver, havemos cada vez menos (…)»), bem como o recurso a expressões populares usadas de forma corrente (“o fundo ao saco”) e reutilizadas de forma alusiva à situação (“o fundo dos nossos sacos”), num jogo de palavras alusivo à situação económica do país nessa época.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O 10 G em viagem




Relatório da visita de estudo ao Jornal de Notícias



No dia 31 de Outubro de 2011, as turmas do 10º G e 10ºE realizaram uma visita de estudo ao MediaLab do Jornal de Notícias, no Porto, acompanhados pelos professores António Lago e Maria José Carvalho. Saíram da escola num autocarro da câmara municipal às 8.30h e regressaram por volta da 13.15h. Esta atividade foi organizada pelos professores de português com o objectivo dar a conhecer aos alunos os processos de pesquisa e tratamento de informação da imprensa moderna e promover hábitos de leitura de textos jornalísticos.

Quando chegamos ao Porto, o Jornal ainda não estava aberto, por isso esperamos um pouco à porta até serem horas para iniciarmos a visita. Por volta das 10h, entramos para o edifício, juntamente com alunos de uma outra escola, onde nos entregaram um colete de identificação e nos foi pedido para nos organizarmos para, todos em conjunto, tirarmos uma fotografia para, no dia seguinte, aparecermos nas páginas do jornal. Após termos tirado a fotografia, encaminharam-nos para um auditório onde nos foi apresentado um pequeno filme sobre a história do JN.

De seguida, dirigimo-nos para a parte de baixo do edifício onde nos foi apresentado um documentário sobre o dia-a-dia numa redação de um jornal. Assim ficamos a conhecer os horários das pessoas que lá trabalham, como trabalham, o que é necessário para terem as notícias prontas a horas e também o desempenho depois na gráfica. Depois de uma breve apresentação, foi-nos pedido que nos juntássemos em grupos nos computadores, para dar início às atividades que eles tinham organizado para nós. A primeira tinha como objetivo criarmos uma página de jornal com notícias escritas por nós (podiam ser inventadas ou verdadeiras, só não podiam ser copiadas) para depois serem publicadas na internet na página do JN. A segunda atividade consistia em tirarmos uma fotografia e criarmos uma notícia sobre a nossa visita ao JN. Por fim, terminadas as atividades propostas, devolvemos os coletes que nos tinham dado no início da visita e, como tinha chegado a hora de nos despedirmos daquelas pessoas que nos tinham recebido maravilhosamente, dirigimo-nos para o autocarro para regressar à escola.

Na minha opinião, esta visita de estudo ao JN foi muito produtiva para todos os que nela participaram, pois permitiu saber mais sobre a história de um jornal (que a maioria das pessoas lê todos os dias) e perceber como é realmente o trabalho de um jornalista. Tivemos também a oportunidade de escrever notícias para um jornal inventadas por nós próprios. Quem sabe se um dia muitos de nós não serão jornalistas.





Flávia Sousa Nº10 10ºG

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O que é... mito

«Um mito (do grego antigo μυθος, translit. "mithós") é uma narrativa de caráter simbólico, relacionada a uma dada cultura. O mito procura explicar a realidade, os fenômenos naturais, as origens do Mundo e do Homem por meio de deuses, semi-deuses e heróis.
Ao mito está associado o rito. O rito é o modo de se pôr em ação o mito na vida do homem - em cerimônias, danças, orações e sacrifícios.
O termo "mito" é, por vezes, utilizado de forma pejorativa para se referir às crenças comuns (consideradas sem fundamento objetivo ou científico, e vistas apenas como histórias de um universo puramente maravilhoso) de diversas comunidades. No entanto, até acontecimentos históricos se podem transformar em mitos, se adquirem uma determinada carga simbólica para uma dada cultura. Na maioria das vezes, o termo refere-se especificamente aos relatos das civilizações antigas que, organizados, constituem uma mitologia - por exemplo, a mitologia grega e a mitologia romana.
O mito é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É um mito brilhante e mudo
.
(Recolhido em http://pt.wikipedia.org/wiki/Mito, 1/12/2011)

O que é... símbolo

Clique em http://www.edtl.com.pt/index.php?option=com_mtree&task=viewlink&link_id=285&Itemid=2

O que é... arquétipo

Clique em http://www.edtl.com.pt/index.php?option=com_mtree&task=viewlink&link_id=801&Itemid=2

O que é... lenda

Clique em http://www.edtl.com.pt/index.php?option=com_mtree&task=viewlink&link_id=902&Itemid=2

Os Livros de Linhagens

«Os Livros de Linhagens, a que no século XVI se deu também o nome de Nobiliários, são quatro obras escritas durante a Idade Média onde se descreve a genealogia das principais famílias nobres no reino. O primeiro, também chamado Livro Velho e o quarto, conhecido como Nobiliário do Conde D. Pedro de Barcelos, estão completos. Dos restantes chegaram até nós apenas fragmentos (Segundo de Linhagens, ou Segundo Livro Velho, e Terceiro Livro de Linhagens, ou Nobiliário da Ajuda). O Livro do Conde D. Pedro de Barcelos é o mais desenvolvido dos quatro, tendo o autor pretendido apresentar um resumo da história universal. D. Pedro, Conde de Barcelos, era filho natural de D. Dinis e bisneto de Afonso X. Os Livros de Linhagens foram publicados no século XIX por Alexandre Herculano nos Portugaliae Monumenta Historica, volume dedicado aos Scriptores

Teste de avaliação sumativa

Objetivos
  • Identificar as finalidades que presidiram à elaboração dos Livros de Linhagens
  • Aperceber-se do valor literário e social da obra
  • Verificar a interseção de vários planos na construção da obra ( a história, a narrativa, a simbologia)
Poderão ser objeto de questionamento:

  • a figura histórica do Conde D. Pedro
  • os três livros de Linhagens
  • o "prólogo", sua definição e funcionalidade
  • o conteúdo do prólogo do Livro de Linhagens, designadamente as razões políticas e religiosas, económicas, sociais e éticas
  • episódios dos Livros de Linhagem, tendo em conta os seguintes conceitos: simbolismo, lenda, mito, mito fundacional

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Se servem para os políticos, também servem para o 10ºG

 

«Os conectores mais utilizados no discurso político


[Pergunta] Queria perguntar quais são os conectores de discurso mais utilizados no discurso político? Quais as características e estrutura do discurso político? Estas perguntas relacionam-se com o programa escolar de 11.º ano – Português.

Vera Costa, Estudante, Porto, Portugal

[Resposta] O discurso político é um texto argumentativo e, como tal, apresenta a estrutura e características desta tipologia textual. O texto pode ser estruturado da seguinte forma:
Introdução: Contém a tese inicial — o ponto de vista ao qual o autor do texto quer fazer aderir o leitor —, que deve ser formulada de forma clara e objetiva.
Desenvolvimento ou corpo da argumentação: Apresenta os argumentos, que se destinam a apoiar ou a refutar a tese inicial. Pode ser organizada em parágrafos, de tal forma, que cada um deles contenha uma ideia inicial. Os argumentos devem manter entre si uma ordem e uma coerência que permitam seguir com clareza o desenvolvimento do raciocínio do argumentador.
Conclusão: Retoma a tese que se procurou provar com a exposição de argumentos.
Os argumentos a apresentar podem ser de vária ordem:
Argumentos naturais — também chamados argumentos de autoridade, incluem, entre outros, os textos das leis e as opiniões emitidas por pessoas de prestígio e entendidas na matéria sobre a qual versa o argumento;
Verdades ou princípios universais — aceites, como tal, por todos;
Exemplos — apresentação de uma situação semelhante àquela de que se está a falar.
O uso adequado dos conectores permite marcar com clareza o desenvolvimento do raciocínio e dar coesão ao texto. Conforme a relação de ideias que se pretende estabelecer, eles podem ser de:
Adição: Não só… mas também; por um lado… por outro
Certeza: é evidente que, certamente, com toda a certeza
Conclusão: em conclusão, em suma, enfim, logo, portanto
Dúvida: é provável, possivelmente, porventura
Explicitação/particularização: quer isto dizer, não se pense que
Fim/intenção: com o intuito de, com o objetivo de
Causa: uma vez que, dado que
Conseqüência: de modo que, de tal forma que
Chamada de atenção: note-se que, veja-se, tenha-se em atenção que
Confirmação: com efeito, como vimos, efetivamente
Exemplificação: por exemplo, isto é, como se pode ver, é o caso de
Hipótese/condição: se, a menos que, admitindo que
Seqüência temporal: em primeiro lugar, em seguida, depois, seguidamente
Opinião: a meu ver, estou em crer que, em nosso entender, parece-me que
Oposição/contraste: no entanto, contudo, porém, todavia
Semelhança: assim como, pela mesma razão
Síntese/resumo: por outras palavras, ou melhor, ou seja
O discurso político deve ser persuasivo e sedutor, servindo-se, para tal, de recursos de estilo, como metáforas, imagens, jogos de palavras, hipérboles, perguntas retóricas, construções paralelísticas, etc.
Bom trabalho!

Maria João Matos, 04/11/2008»

(Transcrito de www.ciberduvidas.com/, 14/11/2011)

A estrutura da argumentação segundo o Ciberdúvidas

«A estrutura da argumentação

[Pergunta] Gostaria de saber como deve ser estruturada a argumentação (conectores mais utilizados; sequência lógica deste tipo de texto).

Cecília Andrade, Professora, Santa Cruz, Portugal

[Resposta] 1. O texto argumentativo — ou sequência discursiva de tipo argumentativo1 — observa sempre dois movimentos: defesa da veracidade ou justeza de um estado de coisas (conclusão, C) e apresentação de razão (argumento, A).
A ordenação no textos destes dois movimentos pode ser sequencial (A-C ou C-A) ou entrosada (A-C-A-C; C-A-C-A) e cada movimento pode ser simples (se integra apenas um ato de composição textual2) ou complexo (se integra vários atos de composição textual). A transição A-C assenta numa garantia ou pressuposto, que vai beber ao senso comum e à tábua de valores socialmente aceite.
Basicamente, a sequência argumentativa responde à pergunta «Porque é que dizes isso?», mesmo que esta pergunta não seja (como muito frequentemente não é) explicitamente realizada.
Vejamos duas possibilidades de redução máxima dos dois movimentos constitutivos da argumentação.

Zé: «As salas de aula devem ter as mesas dispostas em U.» = Conclusão
«Digo isto porque, assim, alunos e professor podem dialogar melhor.» = Argumento

«Todos dialogam melhor» (Argumento) «O diálogo na sala de aula é fundamental» (Pressuposto) «Disposição em U, sim» (Conclusão)

Maria: «As salas de aula não devem ter as mesas dispostas em U.» = Conclusão
«Digo isto porque, assim, os alunos são tentados a copiar nos testes.» = Argumento

«Os alunos podem copiar» (Argumento) «Copiar nos testes é prejudicial» (Pressuposto) «Disposição em U, não» (Conclusão)

2. A sequência argumentativa não tem conectores privativos. Aqueles que têm alta probabilidade de ocorrência são os conectores que estabelecem relação de causa (porque, dado que, visto que); de consequência (daí que, por isso, portanto), de expansão de tópico (com efeito, sem dúvida, efectivamente), de relação de semelhança (do mesmo modo, igualmente), de exemplificação (por exemplo, particularmente, designadamente, nomeadamente), de conclusão (por todas estas razões, em síntese, definitivamente).
1 Verifica-se que, nos discursos reais, o mais provável é uma produção textual contemplar sequências de diferentes tipologias: o gênero do discurso publicitário pode contemplar sequências explicativas e argumentativas; o gênero do discurso narrativo pode integrar sequências descritivas e argumentativas; por sua vez, o sermão integra sequências narrativas, descritivas e argumentativas, entre outros exemplos possíveis.
2 São atos de composição textual a planificação, a reformulação, a avaliação, a clarificação, a reorganização, reorientação, o relançamento, a condensação, a réplica, a retoma, a elaboração, a generalização, a analogia, a ilustração, etc., sendo que os tipos de articulações privilegiados são a implicação, a condicionalidade e a causalidade.

Ana Martins, 26/03/2010»

(Transcrito de www.ciberduvidas.com/, 14/11/2011)

A argumentação segundo o Ciberdúvidas

 

«Argumentação


[Pergunta] Como posso construir um texto argumentativo?
Com as diferentes divisões, introdução, desenvolvimento...

Paula, Portugal

[Resposta] Em primeiro lugar, necessita definir bem o âmbito do problema, como se recomenda sempre. Presumo que pretende fazer uma argumentação e não uma dissertação. Numa dissertação, o objetivo é expor idéias em que não há opiniões divergentes conhecidas (ex. de tema: `A Terra gira à volta do Sol.´). Numa argumentação, emitimos uma opinião, sabido que há outras diferentes. O que distingue a argumentação é justamente haver divergências, e nós pretendermos influenciar e convencer (ex. de tema: `Na Aldeia Global, o novo acordo ortográfico seria útil para a lusofonia.´).
Podemos, em resumo, seguir depois os seguintes passos:
  1. Tema - Iniciar com uma proposição sucinta, que exprima exatamente a opinião que vamos defender, sem ambigüidades.
  2. Defesa dessa proposição, definindo limites e aceitando preliminarmente princípios de outras opiniões que não contrariem a nossa (ou elogio pessoal sobre quem vamos contraditar...). Usam-se então expressões como: `em parte é aceitável, mas´ ..... Depois refutação, ponto por ponto e uma por uma, de todas as opiniões que se opõem à nossa. Nesta refutação, é necessário apresentar dados concretos. A escolha dos fatos indesmentíveis, dos exemplos práticos conhecidos, dos dados estatísticos fiáveis deve ser feita por forma a que se estabeleça, sem dúvidas, `a evidência do que afirmamos´ (contra fatos não há argumentos). E é preciso muito cuidado nesta escolha, pois a argumentação contrária tende a centralizar-se nos fatos duvidosos, para solapar a `base da estrutura´ da nossa tese.
  3. Conclusão - Como se deve fazer sempre também, não esquecer de voltar ao tema, para concluir a argumentação. E não se trata de repetir simplesmente a proposição, mas expô-la agora, embora sucintamente, mais enriquecida com a síntese de alguns dos argumentos referidos na fase 2. Apresente esta conclusão duma maneira clara e convicta. Usam-se então expressões do tipo: `por todas as razões apontadas, eu estou firmemente convencida/o de que .....´ E a ética recomenda que se esteja mesmo convencida/o... Os especialistas da `inverdade´ conseguem parecer convencidos quando não o estão, mas para quem não tem esse talento ou disposição moral, lembro que a convicção genuína empolga e contagia (como já escrevi noutra resposta, entusiasmo vem do grego `enthousiasmós´, que significa inspiração divina).
    Consulente Paula, estas são as bases do texto argumentativo; e eu podia ficar por aqui. No entanto, não resisto a dar-lhe mais um conselho, fruto da minha experiência.
    Vencer uma argumentação tem um objetivo. Claro que pode ser, unicamente, dar satisfação ao nosso ego, por ter vencido. Mas o trabalho de argumentar tem freqüentemente fins mais pragmáticos: pretendemos que seja realizada alguma coisa. E, então, é indispensável uma última e fundamental fase. Se tivermos conseguido convencer com a nossa argumentação as pessoas que nos julgam, ou a assembléia que nos ouviu pelos votos que deu, não devemos preparar só a argumentação; mas, sim, pensar como é que o nosso objetivo pode ser realizado. Se há uma grande probabilidade de que os nossos argumentos irão convencer, esse passo pode ser incluído no texto, e, até, trazer-nos mais apoiantes:
  4. Ação - Indicar, afinal, o que é necessário ter (meios) e fazer (trabalhos) para realizar o que defendemos. Mas não esquecer de propor datas para essa realização e, eventualmente, o plano das suas fases. Incluir a forma de verificar e corrigir atrasos. Finalmente, numa fase posterior, pedir responsabilidades e considerar penalidades a atribuir, se indispensáveis.

D´Silvas Filho, 09/12/1999»

(Transcrito de www.ciberduvidas.com/, 14/11/2011)

O que é... cantiga de escárnio e de maldizer?


«CANTIGA DE ESCÁRNIO E CANTIGA DE MALDIZER – A cantiga de escárnio é aquela em que a sátira se constrói indiretamente, por meio da ironia e do sarcasmo, usando “palavras cobertas, que hajam dois entendimentos para lhe lo não entenderem”, como reza a Poética Fragmentária que precede o Cancioneiro da Biblioteca Nacional (antigo Colocci-Brancuti). Na de maldizer, a sátira é feita direta­mente, com agressividade, “mais descobertamente”, com “palavras que querem dizer mal e não haverão outro entendimento senão aquele que querem dizer chãmente”, como ensina a mesma Poética Fragmentária.
Essas duas formas de cantiga satírica, não raro escritas pelos mesmos trovadores que compunham poesia lírico-amorosa, expressavam, como é fácil depreender, o modo de sentir e de viver próprio de ambientes dissolutos, e acabaram por ser canções de vida boemia e escorraçada, que encontrava nos meios frascários e tabernários seu lugar ideal. A linguagem em que eram vazadas admitia, por isso, expressões licenciosas ou de baixo-calão: poesia “maldita”, descambando para a pornografia ou o mau gosto, possui escasso valor estético, mas em contra­partida documenta os meios populares do tempo, na sua linguagem e nos seus costumes, com uma flagrância de reportagem viva.» Massaud Moisés, A literatura portuguesa

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Modernices

Pronto, está bem, talvez tenha exagerado no texto anterior. Mas enquanto não inventarem um "tablet" de significados, proponho-vos um glossário. Embora com um ar mais "chique" e mais moderno, o vocábulo designava, na Idade Média, «(...) a reunião, na parte final de um manuscrito ou coligida num volume próprio, de anotações (...) sobre o sentido de palavras antigas ou obscuras encontradas nos textos». 



Mas é a acepção de «conjunto de termos de uma área do conhecimento e os seus significados» que me interessa: na parte final do caderno de cada uma das disciplinas deverão escrever o vocabulário que o(a) professor(a) de cada disciplina emprega, oralmente e por escrito, bem como as palavras que vão surgindo nos textos em estudo.
Citações do volume IV (p. 1893) do Dicionário Houaiss

Estudar com eficácia III


Eu sei que se vão rir. Tenho a certeza absoluta de que nos últimos duzentos anos nenhum outro professor recomendou isto aos alunos, mas não quero saber e vou recomendar um... caderno de significados.
Um caderno de significados - um caderninho de significados - é um livrinho cujas páginas são divididas em duas colunas. Do lado esquerdo anotavam-se as outrora palavras desconhecidas. Do lado direito escreviam-se os respectivos significados. E porque escrevi eu "outrora" palavras desconhecidas? É que depois deste processo as aprendemos. Por isso, quando se rirem de mim, lembrem-se das inúmeras palavras que eu conheço graças a este método obsoleto... mas eficaz.

Estudar com eficácia II

Dando as minhas voltinhas pela turma, já vi que há alunos que já adoptaram uma das regras (digamos: a n.º 3) para estudar com eficácia: tirar bons apontamentos. Os bons apontamentos não são úteis apenas para o estudo, eles têm uma vantagem  que apelidaria... "terapia ocupacional": temos os dedos ocupados, não nos podemos dar ao luxo de nos distrairmos, porque, de contrário, lá se vão os apontamentos. Uma pedagogia de lápis na mão, básica mas eficaz. 
Quanto ao lápis propriamente dito, já sabem que sou adepta. Enganámo-nos? Corrigimos. Encontrámos uma palavra mais adequada? Alteramo-la.

Maravilhas tecnológicas

O Cancioneiro da Ajuda


 
O Cancioneiro da Biblioteca Nacional


O Cancioneiro da Vaticana


O Pergaminho Sharrer


Se clicarem no site-que vale-ouro (http://cantigas.fcsh.unl.pt/manuscritos.asp), poderão f-o-l-h-e-a-r
os manuscritos.

O que é... cantiga de amor?

Nobre, jogral tocando harpa


«Neste tipo de cantiga, o trovador empreende a confissão, dolorosa e quase elegíaca, de sua angustiante experiência passional frente a uma dama inacessível aos seus apelos, entre outras razões porque de superior estirpe social, enquanto ele era, quando muito, fidalgo decaído. Uma atmosfera plangente, suplicante, de litania, varre a cantiga de ponta a ponta. Os apelos do trovador colocam-se alto. num plano de espiritualidade, de idealidade ou contemplação platônica, mas entranham-se-lhe no mais fundo dos sentidos; o impulso erótico situado na raiz das súplicas transubstancia-se, purifica-se, sublima-se. Tudo se passa como se o trovador “fingisse”, disfarçando com o véu do espiritualismo, obediente às regras de conveniência social e da moda literária vinda da Provença, o verdadeiro e oculto sentido das solicitações dirigidas à dama. A custa de “fingidos” ou incorrespondidos, os estímulos amorosos transcendentalizam-se: repassa-os um torturante sofrimento interior que se segue à certeza da inútil súplica e da espera dum bem que nunca chega. É a coita (= sofrimento) de amor, que, afinal, ele confessa.
As mais das vezes, quem usa da palavra é o próprio trovador, dirigindo-a com respeito e subserviência à dama de seus cuidados (mia senhor ou mia dona = minha senhora), e rendendo-lhe o culto que o “ser­viço amoroso” lhe impunha. E este orienta-se de acordo com um rígido código de comportamento ético: as regras do “amor cortês”, recebidas da Provença. Segundo elas, o trovador teria de mencionar comedida-mente o seu sentimento (mesura), a fim de não incorrer no desagrado (sanha) da bem-amada; teria de ocultar o nome dela ou recorrer a um pseudônimo (senhal), e prestar-lhe uma vassalagem que apresentava quatro fases: a primeira correspondia à condição de fenhedor, de quem se consome em suspiros; a segunda é a de precador, de quem ousa declarar-se e pedir; entendedor é o namorado; drut, o amante. O lirismo trovadoresco português apenas conheceu as duas últimas fases, mas o drut (drudo em Português) se encontrava exclusivamente na cantiga de escárnio e maldizer- Também a senhal era desconhecida de nosso trovadorismo- Subordinando o seu sentimento às leis da corte amorosa, o trovador mostrava conhecer e respeitar as dificuldades interpostas pelas convenções e pela dama no rumo que o levaria à consecução dum bem impossível- Mais ainda: dum bem (e “fazer bem” significa corresponder aos requestos do trovador) que ele nem sempre desejava alcançar, pois seria pôr fim ao seu tormento masoquista, ou inicio dum outro maior. Em qualquer hipótese, só lhe restava sofrer, indefinidamente, a coita amorosa.
E ao tentar exprimir-se, a plangência da confissão do sentimento que o avassala, — apoiada numa melopéia própria de quem mais murmura suplicantemente do que fala —, vai num crescendo até a última estrofe (a estrofe era chamada na lírica trovadoresca de cobra; podia ainda receber o nome de cobla ou de talho). Visto uma idéia obsessiva estar empolgando o trovador, a confissão gira em torno dum mesmo núcleo, para cuja expressão o enamorado não acha palavras muito variadas, tão intenso e maciço é o sofrimento que o tortura. Ao contrário, a corrente emocional, movimentando-se num círculo vicioso, acaba por se repetir monotonamente, apenas mudado o grau do lamento, que aumenta em avalanche até o fim. O estribilho ou refrão, com que o trovador pode rematar cada estrofe, diz bem dessa angustiante idéia fixa para a qual ele não encontra expressão diversa.
Quando presente o estribilho, que é recurso típico da poesia popular, a cantiga chama-se de refrão- Quando ausente, a cantiga recebe o nome de cantiga de maestria, por tratar-se dum esquema estrófico mais complexo, intelectualizado, sem o suporte facilitador daquele expediente repetitivo.» Massaud Moisés, A literatura portuguesa

O que é... cantiga de amigo?

Nobre, jogral com viola de arco, jogral com harpa

Escrita (...) pelo trovador que compõe cantigas de amor, e mesmo as de escárnio e maldizer, esse tipo de cantiga focaliza o outro lado da relação amorosa: o fulcro do poema é agora representado pelo sofrimento amoroso da mulher, via de regra pertencente às camadas populares (pastoras, camponesas, etc.). O trovador, amado incondicionalmente pela moça humilde e ingênua do campo ou da zona ribeirinha, projeta-se-lhe no íntimo e desvenda-lhe o desgosto de amar e ser abandonada, em razão da guerra ou de outra mulher. O drama é o da mulher, mas quem ainda compõe a cantiga é o trovador: 1) pode ser ele precisamente o homem com quem a moça vive sua história; o sofrimento dela, o trovador é que o conhece, melhor do que ninguém; 2) por ser a jovem analfabeta, como acontecia mesmo às fidalgas.
O trovador vive uma dualidade amorosa, de onde extrai as duas formas de lirismo amoroso próprias da época: em espírito, dirige-se à dama aristocrática; com os sentidos, à camponesa ou à pastora. Por isso, pode expressar autenticamente os dois tipos de experiência passional, e sempre na primeira pessoa (do singular ou plural), 1) como agente amoroso que padece a incorrespondência, 2) como se falasse pela mulher que por ele desgraçadamente se apaixona. É digno de nota que essa ambigüidade, ou essa capacidade de projetar-se na interlocutora do episódio e exprimir-lhe o sentimento; extremamente curiosa como psicologia literária ou das relações humanas, não existia antes do trovadorismo nem jamais se repetiu depois.
No geral, quem ergue a voz é a própria mulher, dirigindo-se em confissão à mãe, às amigas, aos pássaros, aos arvoredos, às fontes, aos riachos, O conteúdo da confissão é sempre formado duma paixão in­transitiva ou incompreendida, mas a que ela se entrega de corpo e alma. Ao passo que a cantiga de amor é idealista, a de amigo é realista, traduzindo um sentimento espontâneo, natural e primitivo por parte da mulher, e um sentimento donjuanesco e egoísta por parte do homem.
Uma tal paixão haveria de ter sua história: as cantigas surpreendem “momentos” do namoro, desde as primeiras horas da corte até as dores do abandono, ou da ausência, pelo fato de o bem-amado estar no fossado ou no bafordo, isto é, no serviço militar ou no exercício das armas. Por isso, a palavra amigo pode significar namorado e amante.
A cantiga de amigo possui caráter mais narrativo e descritivo que a de amor, de feição analítica e discursiva. E classifica-se de acordo com o lugar geográfico e as circunstâncias em que decorrem os acontecimentos, em serranilha, pastorela, barcarola, bailada, romaria, alba ou alvorada (surpreende os amantes no despertar dum novo dia, depois de uma noite de amor).» Massaud Moisés, A literatura portuguesa (transcrito de http://www.coladaweb.com/literatura/trovadorismo em 8/11/2011)

Um sítio que vale ouro




Cliquem em http://cantigas.fcsh.unl.pt/index.asp, usem e abusem.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Estudar com eficácia 1



A regra n.º 1 de um estudo eficaz é... comer e dormir. Não, não estou a brincar. Nem distraída (podia muito bem acontecer - mas não). Nem estou com um esgotamento: é mesmo assim.


Seja qual for a nossa actividade, um sono suficiente e reparador (eu aponto para as 8 horas, e recomendo a máxima "deitar cedo e cedo erguer") e uma alimentação correcta são requisitos indispensáveis para obter bom rendimento no trabalho. Ora, o vosso trabalho é estudar.

 
A regra n.º 2 de um estudo eficaz é estipular um horário. Olhemos para o vosso horário: três tardes livres (isto se não frequentarem o "VerdEmcena", o que é uma excelente ideia).

À terça e à quinta-feira têm duas pausas para o almoço que são óptimas para 1) se inscreverem na Oficina de escrita (Deus sabe que vos fazia bem); 2) fazer consultas na Biblioteca. Como sou uma pessoa realista, aconselharia que usassem a Internet a partir de meio do mês (já se vos acabou o saldo, não foi?! Confessem lá...) e que, nos outros dias, consultassem o nosso óptimo acervo de livros. Como sou simpática e os tempos livres também são considerados nestas coisas de Métodos de trabalho e estudo, recomendo que, à quinta, requisitem um bom filme para ver no fim-de-semana.

À segunda, à quarta e à sexta almoçam calmamente e fazem uma pausa Kit-Kat, ou seja: o que vos apetecer. Uma hora, parece-vos bem? E depois trabalham 45m. Os trabalhos de casa são prioritários. Podem folhear os cadernos, ver se têm dúvidas acerca do que aprenderam nessa dia, para colocar questões aos professores na aula seguinte. E depois, param. Vão lanchar. Mandem umas sms, vejam televisão, consultem o "mail"...

Depois, mais 45m de estudo. Ler os textos dos manuais, os materiais que os professores vos deram (apontamentos, esquemas, resumos), etc. Estudem.

Em dias normais, isso chega. Garanto-vos que, se seguirem este "regime", nos dias de testes de pouco mais precisarão.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

O que é... lirismo provençal

"(...) o lirismo oriundo da Provença (seria mais exacto ampliar esta designação e dizer Occitânia, domínio linguístico da langue d'oc, no Sul da França actual, região que desempenhou um papel privilegiado na reanimação comercial do Mediterrâneo, com as Cruzadas), é marcadamente individualista, suprime as distâncias sociais com o salvo-conduto do amor, transpõe a ideia de vassalagem ao plano da submissão do amante, e canta o que há de delicado, subtil e suave na mulher e na Primavera. Por outro lado, graças a antecedentes que permanecem desconhecidos, os poetas occitânicos aparecem-nos senhores de uma técnica de expressão surpreendentemente desenvolvida. Atingidos pela repressão desencadeada contra os hereges albigenses, os seus trovadores e jograis dispersam-se pelas cortes de Itália, Aragão e outras regiões, onde divulgam a sua arte. Os Provençais tornaram-se, desta maneira, os mestres de toda a poesia medieval posterior." (in António José Saraiva e Óscar Lopes (História da literatura portuguesa, p. 39)

Joam Perez de Aboim e o 10ºG II

Ontem, os alunos do 10G recriaram, no auditório da ESVV, a pastorela de Joam Perez de Aboim. Numa 1ª fase, no "modo tradicional", isto é, em leitura coral. E foram muito bem, apesar dos nervos à flor da pele. É natural, pois foi a sua primeira apresentação (prelúdio de muitas outras, porque, como já sabem, o programa de Literatura portuguesa preconiza, no «Tempo de recriação», a preparação e apresentação de declamações, performances e recriações).

Mas engraçada, engraçada, foi a recriação de parte da composição em modo "rap". A ver se os convenço a fazê-la outra vez no pátio ao ar livre...

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O que é...? Trovador

«Designava, na lírica trovadoresca, o poeta que escrevia a poesia e compunha a música das cantigas e também as executava, acompanhado de um instrumento musical. Geralmente, pertencia à aristocracia, sendo por isso uma pessoa culta, que não esperava qualquer recompensa material; mas também podia ser um fidalgo decaído. É a sua condição nobre que explica o seu talento, pois estudara as regras da Retórica, da Poética e da Música.» [Massaud Moisés, Dicionário de Termos Literários, adapt.].

O que é...? Segrel

«Trata-se de uma classe intermédia entre o trovador e o jogral. Enquanto o jogral provinha das classes mais baixas, o segrel costumava ser um fidalgo de baixa patente [escudeiro], que, não tendo meios para aspirar ao estado cavaleiresco, buscava na poesia um meio de viver, tornando-se para isso trovador profissional. Viajava a cavalo de corte em corte, de castelo em castelo, de cidade em cidade ou acompanhando as hostes do rei, para ali exercer o seu ofício, interpretando cantigas próprias ou alheias. Por vezes fazia-se acompanhar por um executante [jogral]. Em síntese, o segrel distingue-se do trovador pelo facto de receber pelas suas canções, e do jogral porque é fidalgo e compõe canções profissionalmente.» [Massaud Moisés, Dicionário de Termos Literários, adapt.].
Lido em http://eurosophia.com/glossarios/literatura.htm (20/10/2011)

O que é...? Jogral

Jogral

Artista ambulante que, na época medieval, ganhava a vida divertindo o público com música e poesia ou com os seus ditos engraçados, com jogos de mão, acrobacia, mímica, etc.. Geralmente, o jogral provinha das classes sociais mais humildes; costumava acompanhar o trovador pelas cortes, entoando as suas cantigas; contudo, por vezes, se tivesse talento, podia criar e executar canções e melodias da sua autoria, subindo, assim, à categoria de trovador. Por esta razão rivalizava com os trovadores e com os segréis.

Com excepção dos meios clericais, a transmissão literária nos séculos XII e XIII era feita ainda por intermédio dos jograis, que nas feiras, festas, torneios e castelos ofereciam espectáculos, música, canções e histórias variadas [História Universal da Literatura Portuguesa, Texto Editora, adapt. & Dicionário de Termos Literários, adapt.].

"Post" onde a História, o Inglês e a Literatura Portuguesa "articulam"

No sítio http://www.camelotintl.com/world/europe.html (indicado pela professora de História), encontram a seguinte cronologia:




Europe


AD 1
14 Death of Roman emperor Augustus
43 Roman emperor Claudius invades Britain
60 - 61 Rebellion of Boudicca, queen of the Iceni, against Romans in Britain
64 Great Fire of Rome
68 - 69 Civil war in Roman empire after Emperor Nero dies
c. 80 Completion of colosseum amphitheatre in Rome


AD 100
116 - 17 Roman empire reaches its greatest extent, under Emperor Trajan (98 - 17)
122 - 38 Hadrian's Wall built to defend province of Britain
166 - 67 Roman empire devastated by plague
180 Death of Emperor Marcus Aurelius; end of Pax Romana


AD 200
212 Roman citizenship formally extended to all free-born people within the empire
235 - 84 Long period of civil war and chaos in Roman empire
271 - 76 Building of Aurelian walls around Rome
284 - 305 Diocletian is emperor of Rome; major reforms; forms "Tetrarchy" of four emperors to rule the empire together


AD 300
313 Christianity tolerated throughout Roman empire
324 Constantine becomes sole emperor (western emperor in 312)
330 New city of Constantinople (now Istanbul) inaugurated on site of ancient Greek city of Byzantium in European Turkey
360s First invasions of Europe by Huns from central Asia
378 Romans defeated at Adrianople by Visigoths: Emperor Valens killed


AD 400
RELIGIOUS WORLDS
410 Aaric the Goth, king of the Germanic people, the Visigoths, sacks Rome
432 St. Patrick introduces Christianity to Ireland
445 Attila the Hun attacks western Europe
c. 450 Saxons from Germany begin to invade Britain
451 Attila defeated at Ch_lons
476 Germanic invader Odoacer expels Romulus Augustus, last emperor of Rome, and takes control of the city


AD 500
527 - 65 Reign of Justinian, Byzantine emperor; he tries to reunite the eastern and western branches of the Christian church which are bitterly divided
529 St. Benedict founds monastery at Monte Cassino, south of Rome
529 - 34 Justinian introduces codes of law
552 - 53 Monks smuggle silkworms to Constantinople from China; start of important Byzantine silk industry
563 - 97 St Columba comes from Ireland to spread Christian religion in Scotland
597 Mission of St. Augustine to England to convert the Anglo-Saxons to Christianity


AD 600
c. 600 Beginning of an important period of art and literature in Ireland
c. 602 Slavic tribes begin settlement of the Balkans
664 Synod of Whitby in England; Roman Christianity chosen in preference to Celtic
c. 670 Syrian chemist, Callinicus, invents Greek Fire, a highly inflammable liquid used by the Byzantine army in battle; first used in Battle of Cyzicus c. 673
c. 675 Bulgars, nomadic people from the Russian steppes, settle in lands south of the Danube


AD 700
715 Muslim forces conquer most of Spain; only the mountainous north, home of the Basque people, remains independent
732 Charles Martel , king of the Franks, defeats Muslims at Poitiers in France, stopping Muslim advance northwards
768 Charlemagne becomes king of the Franks
784 - 96 Offa , king of Mercia in central England, builds defensive dyke between England and Wales
787 Vikings make their first raids on the coasts of Britain


AD 800
NEW NATIONS
800 Pope crowns Charlemagne emperor of Rome on Christmas Day in St Peter's Church, Rome
c. 800 First castles built in western Europe
809 - 17 War between the Byzantine empire and the Bulgars - Khan Krum of Bulgaria defeats Byzantines in 811 and kills their emperor
814 Death of Charlemagne
841 Vikings found Dublin on east coast of Ireland
c. 843 Charlemagne 's Frankish empire breaks up
843 Kenneth /MacAlpin unites kingdom of Scotia and becomes first king of Scotland (dies c. 859)
844 - 78 Rule of /Rhodri Mawr , first prince of all Wales
c. 860 Vikings rule at Novgorod in Russia
862 Vikings led by /Rurik are invited by East Slavic and Finnish tribes of north Russia to rule them
871 - 99 Reign of Alfred The Great of England
878 Alfred defeats Vikings under Gudrum at Ethandune; Treaty of Wedmore divides England between them
885 - 86 Vikings raid Paris in France
c. 891 Monks write the history of England in Anglo-Saxon Chronicle


AD 900
c. 900 Magyars, nomadic people from central Asia, invade Europe
910 Benedictine Abbey of Cluny is founded in Burgundy, France
911 Rollo, Viking chief, settles in Normandy, France
912 - 61 Rule of Abd-al-Rahman III, Omayyad caliph of Cordoba, Spain; during his peaceful reign he develops arts and industry, such as paper-making
936 - 73 Reign of Otto The Great, king of Germany; he is crowned Holy Roman emperor in 962
937 Athelstan of England defeats large army of Scots, Irish, and Danes at Battle of Brunanburh, northern England
942 - 50 Record of Welsh law is written down on the orders of Hywel Dda, Prince of all Wales
955 Otto defeats Magyars at Battle of Lechfeld, near Augsburg, and defeats Slavs at Reichnitz
963 Mieszko I founds kingdom of Poland; he is succeeded by Boleslav I, who expands its territory greatly
976 - 1025 Reign of Basil II, Byzantine emperor who defeats Bulgarians in 1014
978 Vladimir becomes Grand Prince of Kiev
c. 986 Eric The Red, Viking explorer, sets up a colony in Greenland
987 - 96 Reign of Hugh Capet, first Capetian king of France
c. 989 Vladimir of Kiev chooses Orthodox Christianity as the official religion for his people


AD 1000
MONKS AND INVADERS
1020 Italian towns, including Rome, Florence and Venice, become city states
1000 - 38 Rule of Stephen, first of Arpad dynasty of Hungary; he accepts Christianity for his people
1014 Brian Boru, High King of all Ireland, defeats Vikings at Battle of Clontarf, but is killed after victory
1016 - 35 Reign of Canute, Viking king of England, Denmark, Norway and Sweden
1019 - 54 Yaroslav the Wise, ruler of Kiev in Russia, unifies many Russian principalities
1020s Boleslav I of Poland creates a powerful state
1034 Scotland becomes united down to present border with England
1035 - 66 Normandy in north of France grows powerful
1037 Spanish kingdoms of Castile and Le¾n unite
1054 Split between Catholic church of Rome and Orthodox Christian church of Byzantium
1066 William Duke of Normandy, defeats Harold of England at Battle of Hastings
1072 - 91 Norman armies conquer Sicily
1077 Pope Gregory expels Holy Roman Emperor Henry IV from church; Henry pleads forgiveness, but conflict between empire and Papacy continues into 12th century
1086 Survey of England by order of William I is recorded in Domesday Book
1098 Monastery founded at Citeaux in France; start of Cistercian order of monks


AD 1100
c. 1115 - 42 French teacher Henry IV makes Paris centre of religious learning
1115 - 53 Career of Bernard of Clairvaux, whose abbey becomes most important monastery in Europe
1119 Bologna University founded in Italy; Paris University, in France, is founded in 1150
1124 - 53 David I rules Scotland
1132 - 44 St Denis Abbey, the first Gothic church, built by Abbot Suger in Paris
1139 - 85 Alphonso I becomes first king of Portugal
1152 - 90 Reign of powerful Holy Roman emperor Frederick I, called Barbarossa (red beard)
1154 - 89 Reign of Henry II Plantagenet of Anjou as king of England; he reforms law and government
1171 - 72 Henry II invades Ireland and is accepted as its lord
1180 - 1223 Philip II Augustus rules France, conquering Angevin lands in the west
1190 Teutonic Order of knights, a military society, set up in Germany to defend Christian lands in Palestine and Syria


AD 1200
CONQUEST AND PLAGUE
1209 St Francis of Assisi founds Franciscan religious order
1212 Almohads defeated by Christians at battle of Las Navas de Tolosa
1215 English King John seals Magna Carta, giving more power to barons
1240 Russian Alexander Nevsky defeats Swedes at great battle on the Neva river
1241 L_beck and Hamburg form a Hansa (association) for trade and mutual protection; beginning of Hanseatic League
1249 University College, first college of Oxford University, England, founded
c. 1254 Explorer Marco Polo born in Venice
1262 Iceland and Greenland come under Norwegian rule
1273 Rudolph I becomes first Habsburg ruler of Austria
1282 - 84 Edward I of England conquers Wales
1284 Peterhouse, first college of Cambridge University, founded in England
1284 Sequins coined in Venice, Italy
c. 1290 Invention of spectacles in Italy
1291 Three Swiss cantons join together to begin struggle for independence from Habsburgs


AD 1300
1308 Papal court moves to Avignon; Great Schism follows
1314 Scots defeat English at Battle of Bannockburn
1337 Edward III of England claims French throne - 100 Years War (1337 - 1453) begins
1346 English defeat French at Battle of Cr_cy
1347 Bubonic plague or Black Death reaches Europe
1358 Jacquerie Revolt; peasant uprising north of Paris, France
1370 Geoffrey Chaucer writes first book, Book of the Duchess
1373 Treaty of Anglo-Portuguese friendship; the English and Portuguese are still allies today
1381 Peasants' Revolt in England led by Wat Tyler
1389 Christian Serbs defeated by Ottoman Turks at Kossovo in Serbia
1397 Kalmar Agreement unites three Scandinavian kingdoms of Denmark, Norway, and Sweden